sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011


Um bom filme, um tema algo controverso e pouco simples de explorar
A expectativa que criei à volta do mesmo foi grande e talvez por isso não tenha ficado fascinada como inicialmente imaginei.
Embora me considere uma pessoa céptica em relação a muitas coisas, acredito em vidas passadas e ou vida após a morte.
Não é um tema que se encaixe facilmente, e talvez por isso também seja um assunto que acabo por guardar um pouco para mim, não o discuto e não é tema de conversa que tenha habitualmente.
As que acreditam por norma são facciosas e as que não acreditam olham-nos de lado.
O ser humano, por norma acredita no que vê e nunca pensa muito no que está para além disso, na própria religião as pessoas procuram imagens ou figuras a quem adorar, nunca as virão, mas é o que conhecem visualmente.
No fundo acredita em algo, mas simplesmente ignora-o, não pensa muito nisso e talvez seja um assunto um pouco tabu para nós, quando algo deste género nos passa pela cabeça, invariavelmente vem sempre à memória a ideia que a insanidade vem a caminho, por isso, expulsamos o pensamento e voltamos a acreditar no momento imediatamente a seguir que a ciência responde a tudo.
No nosso cérebro existe um canto onde guardamos tudo o que não é explicável, para o qual não temos respostas e só o vamos visitar cada vez que passamos por certas situações e na sua maioria, factores ligados a perda de pessoas.
Acredito que para tudo na vida tem de se ter experiência e contacto com algo para que nos faça pensar em determinado assunto e achar alguma verdade nisso.
Algo que nos abale de tal forma que tentamos encontrar explicação de algum jeito.
Não falo de conforto, ou pelo menos instantâneo, isso é tarefa do tempo.
É mais fácil apelarmos a algo superior quando estamos na mó de baixo, do que em algum momento que estejamos felizes.
Foi no seguimento de um acontecimento que me abalou profundamente que tive contacto com um livro de um psiquiatra, Brian L. Weiss, Muitas vidas, muitos mestres.
Peguei no livro, folhei, li o resumo e decidi comprá-lo, assim meia que envergonhada comigo mesma e com o pensamento sempre presente de estar à beira de uma depressão ou coisa parecida.
Ao começar a lê-lo, não gostei particularmente, não me convenceu de imediato, mas talvez por querer rapidamente obter respostas, era o primeiro capítulo e sem dúvida, para quem é céptico, como eu me considero por norma, foi um capitulo bastante importante para achar algum fundamento em todos os que lhe seguiam.
Basicamente o autor escancarou de uma forma bastante pormenorizada o curriculum e a experiência profissional, desde que começou terapias e neste caso particular, psicanálise, assim como toda a evolução na carreira como médico psiquiatra.
Na altura eu era trabalhadora-estudante e trabalhava num consultório de Psiquiatria.
Felizmente para mim, foi uma experiência bastante enriquecedora, positiva e que me fez crescer como pessoa.
Tive a sorte de ter contacto com um dos psiquatras mais conceituados e mais repeitados ao que leva forçosamente a uma pessoa de boa índole e logicamente confiável.
Foi positivo também e acima de tudo porque tive a experiência real do que faziam maioritariamente, psicoterapia e grupanalise, sem recorrer a medicação, o que para mim nos dias que correm e com o crescente número de doenças e distúrbios associados a este tipo patologias, já é coisa que se vê pouco.
É mais fácil dopar as pessoas do que passar uma hora de quinze em quinze dias a ouvir e a tentar de alguma forma ajudar a perceber a raiz dos problemas e de alguma forma ajudar a solucionar alguns deles, isto juntamente com a vontade urgente de quem recorre a esta área da medicina, querer rapidamente encontrar a cura de um dia para o outro. Não descurando claro, de doenças que de facto necessitam delas, mas o sumo maior, é claramente este.
Em alguns tempos mortos entre consultas, fui lendo alguns dos livros da enorme biblioteca e a parte em que tinha acesso e que era de mais fácil absorção para mim.
Numa dessas pesquisas de livros, descobri um mini livro de um dos muitos congressos que frequentavam, um psicoterepeuta brasileiro em que abordava o tema de psicanálise e de terapias de regressão a pacientes com "problemas" que aparentemente e após o médico vasculhar todo o passado, angústias, medos, sonhos, experiências, marcas, traumas e sei lá que mais, aparentemente os problemas vinham de trás.
Afinal de contas, o que nós somos hoje senão um passado?
Tudo isto e por ter provas, pelo menos aceitáveis para mim e vindo de fontes fidedignas que nesse momento encontrei algumas respostas para algumas das minha dúvidas.
Foi importante para mim o primeiro capitulo do livro, maçador é verdade, mas interiormente para conseguir encaixa-lo no meu cepticismo sem dúvida que terá sido a abertura da porta, até porque este tema é frequentemente associado à banha da cobra, no filme explica isso e todos nós temos conhecimento da sua existência.
Acredito, porque também acredito que não somos só isto e seria um desperdício.
Não faço disto o meu estandarte, continuo a acreditar na ciência, no aqui e o agora, no imediato e na matéria, na natureza e da sua perfeição.
Acredito no poder enorme do cérebro, órgão que apesar de todas as descobertas e avanços na medicina, ainda só se conhece à volta de dez por cento da sua capacidade. É pouco, muito pouco.

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